domingo, 22 de maio de 2011

Congresso de Cuidados Paliativos







Decorreu na passada semana (18 a 21 de Maio) um dos eventos mais importantes e relevantes no âmbito dos cuidados paliativos: o 12º Congresso da EAPC (European Association of Palliative Care).

Nesse congresso estiveram presentes algumas das pessoas mais credíveis e referidas na investigação, dando o seu contributo para o desenvolvimento do conhecimento em cuidados paliativos. Salienta-se:

• Mary Baines: colega de Cicely Saunders (RIP) no St. Christoper’s Hospice;
• Enric Benito: mentor do grupo de trabalho ao nível da espiritualidade da SECPAL;
• Eduardo Bruera;
• John Ellershaw;
• Xavier Gomez-Batiste (SECPAL);
• Irene Higginson;
• Stein Kaasa;
• Isabel Neto (APCP);
• José Pereira (compatriota madeirense em Toronto).

O tema do congresso – “Reaching Out” – permitiu antever partilha de experiências com profissionais de diversos países (desde a Coreia do Sul, Nova Zelândia, Kuwait; Arménia, EUA, Brasil, Colômbia, etc). O objectivo centrava-se em construir pontes entre vários países, com base na troca de experiências e aprendizagens mútuas.

Ao longo de quatro dias intensos de trabalho foi evidente que em Portugal (pelo menos em algumas zonas do país) já se evidenciam progressos significativos na qualidade de cuidados prestados. Tal é, por exemplo, demonstrado pelo número de posters apresentados por colegas nossos.

No entanto, fica também o sentimento de frustração ao verificar que no nosso Norte Alentejo ainda estamos muito longe do nível mínimo aceitável, por exemplo, quanto ao número de equipas de cuidados paliativos domiciliárias, de suporte intra-hospitalar ou de internamento (tal como foi evidente pela sondagem de Janeiro de 2011).

Mas mais importante ainda será, como Murray referiu na sua comunicação “Primary Care and Palliative Care”, o envolvimento necessário dos cuidados de saúde primários na prestação de cuidados paliativos.

Segundo este prelector, os cuidados de saúde primários necessitam de se centrar em 5 pontos:
1. Cuidados Paliativos para todas as doenças;
2. Aplicáveis o mais precocemente possível;
3. Em todas as suas dimensões (física, social, psicológica e espiritual);
4. Cuidados Paliativos na comunidade;
5. Em todas as nações.

Para que tal ocorra não podemos pensar que apenas os especialistas podem realizar cuidados paliativos. Nesse sentido, vários autores distinguem entre cuidados paliativos generalistas (que todos com formação básica podem prestar) e cuidados paliativos especializados (da responsabilidade dos profissionais com formação avançada.

Fica aqui o desafio:
O que é que nós, nas nossas UCC, USF e UCSP, podemos mudar para nos aproximar-mos do objectivo de responder às necessidades dos doentes paliativos (oncológicos e não só)?
Que passos poderemos dar nesse sentido?
Qual será o primeiro passo?
O que é que eu como médico/enfermeiro/psicólogo/assistente social/fisioterapeuta/ nutricionista, etc., posso fazer individualmente para melhorar o estado da arte?
Que contributos poderemos dar para as nossas equipas?

Sem comentários:

Para Ler e Ver...

  • Amara, Como cuidar dos nossos
  • Marie de Hennezel, Arte de Morrer
  • Marie de Hennezel, Diálogos com a Morte
  • Mitch Albom, As Terças com Morrie
  • Morrie Schwartz, Amar e viver: Lições de um mestre inesquecível
  • Tsering Paldrom, Helena Atkin e Isabel Neto, A dignidade e o sentido da vida: reflexões sobre a nossa existência