sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Porque os doentes têm direito...

“É muito duro, mas tenho momentos de tamanha perfeição, liberdade e comunhão com todo o universo que me faz dizer alto e bom som que tudo vale a pena.”
(Rita Leitão, Junho de 2007)

...à dignidade! ...ao apoio! ...ao alívio! ...ao conforto! ...ao não estar só! ...ao ser feliz, mesmo que doentes!
Novo ano, nova comemoração do dia mundial dos cuidados paliativos. O que mudou num ano? O número de reportagens que vemos na televisão, rádio e revistas é sintoma de que as coisas estão a mudar no nosso país. Mais concretamente, no nosso distrito, até final de 2009, está prevista a abertura de uma unidade de cuidados paliativos no hospital Dr. José Maria Grande em Portalegre.
No entanto, no terreno, e dado que o número de pessoas e suas famílias que requerem apoio não pára de aumentar (não me refiro apenas aos doentes oncológicos, mas também a todos aqueles que por não terem a “doença maldita” quase que são esquecidos), os profissionais de saúde desdobram-se em esforços para ajudar aqueles que todos os dias pedem auxílio.
No entanto, cuidados paliativos não são cuidados de caridade, ou de bons corações. São cuidados que exigem tempo! Exigem disponibilidade! Exigem formação! Embora o afecto, e a capacidade de expressão deste, seja importante quando se prestam cuidados paliativos, o dar as mãos e “palmadinhas” nas costas nunca será suficiente. Não poderemos nunca esquecer que ajudar uma pessoa, tal como a Rita, a fazer o longo e (talvez) penoso trajecto de uma doença incurável e progressiva exige aos profissionais de saúde a conciliação entre a perícia técnica e disponibilidade emocional para tal. Custa-me a crer que profissionais assoberbados em trabalho, cansados pelas exigências profissionais, sem tempo para elaborarem as suas perdas (nomeadamente de doentes) consigam ter “cabeça e coração” para esta tarefa.
Mas em cuidados paliativos, muitas vezes, os profissionais de saúde são esquecidos da equação da prestação de cuidados – “Se eu não cuidar de mim, quem cuidará?”. Os doentes têm direito a receberem cuidados de profissionais que cuidam deles próprios. È por esse motivo que num espaço dedicado ao dia mundial dos cuidados paliativos se fala não só nos doentes, mas também naqueles que os ajudam – os profissionais de saúde.
Atrevo-me, no entanto, a dizer que profissionais não são só médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, técnicos de serviço social, entre tantos outros. Profissionais são também aqueles que acordam de noite quando um ente querido sofre com dores. Profissionais são aqueles que abnegadamente dedicam o seu tempo e carinho a confortar e aliviar os medos do doente (e tantos são!!). Profissionais são também aqueles que trabalham 24h por dia nos bastidores, e cujas tarefas são tantas vezes desvalorizadas. Profissionais são os pais, mães, irmãos, filhos, avós, vizinhos e amigos que estão ao lado dos seus doentes.
Também estes profissionais precisam de tempo para eles e disponibilidade emocional para ajudarem o outro. Estes profissionais, à semelhança dos outros, precisam de alguém que também cuide deles.
Já muito se fez, embora por vezes não pareça, e muito está planeado. Mas a batalha dos e pelos cuidados paliativos é travada todos os dias por aqueles que enfrentam estas situações. Pelos doentes, pelos seus familiares e pelos profissionais de saúde. Esta batalha não terá um fim próximo. Ainda há muito para fazer de modo a que uma percentagem significativa dos doentes consiga dizer, tal como a Rita, “tudo vale a pena”. Mas, para que essa meta esteja cada vez mais próxima, temos de manter viva dentro de nós a ideia de que não podemos baixar os braços. Não podemos ceder ao facilitismo de dizer “falam, falam e não os vejo a fazer nada”. Falem! Mas façam! Este é um imperativo ético nos nossos dias.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Burnout ou exaustão

Burnout é o estado de exaustão física, emocional e mental que resulta do envolvimento intenso com pessoas, numa situação prolongada e emocionalmente demandante.
Surge como resultado de uma tensão emocional crónica e do excessivo esforço que supõe o contacto contínuo e exaustivo com outras pessoas, particularmente quando estas estão em situações difíceis. Não é qualquer coisa que se teve e já não se tem. É sim um fenómeno que se decompõe em sequências temporais e graduais que podem ter diversas manifestações.

Sintomas:
 Perda de interesse, aborrecimento, decepção emocional, desencorajamento, depressão;
 Sensação de ser ultrapassado, incompetente, incapaz de se organizar;
 Dificuldades de atenção, concentração e memória;
 Fadiga, insónias, dores de cabeça, alergias, etc.
 Dificuldades relacionais, instabilidade, isolamento, auto-medicação, consumo de substâncias;
 Empatia impossível, desapego emocional, irritabilidade, agressividade, rejeição.

Se apresentar estes sinais, procure ajuda.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Luto complicado


1.Não consegue falar do objecto perdido sem se emocionar
2. Factos menores desencadeiam reacções de luto
3. Tristeza não justificada em determinadas circunstâncias
4. Apresenta sintomas físicos semelhantes ao objecto perdido
5. Fobia de doença ou de morte relacionada com a do objecto perdido
6. Compulsão para imitar traços do objecto perdido, ou sensação de contínuas obrigações para com ele
7. Mudanças radicais e/ou prematuras no estilo de vida, com exclusão de actividades associadas ao objecto perdido
8. História prolongada de depressão com culpa persistente e diminuição da autoestima, por vezes com impulsos auto-destrutivos
9. Não quer mexer nos pertences do objecto perdido
10. Comportamento "seco", como se nada tivesse acontecido, evitando referências ao objecto perdido

Para Ler e Ver...

  • Amara, Como cuidar dos nossos
  • Marie de Hennezel, Arte de Morrer
  • Marie de Hennezel, Diálogos com a Morte
  • Mitch Albom, As Terças com Morrie
  • Morrie Schwartz, Amar e viver: Lições de um mestre inesquecível
  • Tsering Paldrom, Helena Atkin e Isabel Neto, A dignidade e o sentido da vida: reflexões sobre a nossa existência