quarta-feira, 7 de abril de 2010

Burnout II


Na actualidade, atendendo ao ritmo de vida e às exigências do trabalho, torna-se difícil separar a vida familiar da profissional. A longo prazo os recursos esgotam-se e as pessoas ficam incapazes para trabalhar, recorrendo posteriormente à baixa por motivos de saúde.

Estes comportamentos são entendidos num quadro de burnout, sendo este um estado de exaustão física, emocional e mental que resulta do envolvimento intenso com pessoas, conduzindo a um progressivo sentimento de inadequação, fracasso e baixa realização profissional.

Para o desenvolvimento deste quadro clínico contribuem a ausência de suportes significativos e a fragmentação das relações, centração na quantidade e não na qualidade dos serviços e estado de activação constante (“doença da pressa”). As consequências desta situação são severas ao nível da saúde: ansiedade, alterações da concentração, perturbações do sono, irritabilidade, impaciência, incapacidade para escutar, diminuição da capacidade de trabalho (fazer mais do que uma coisa ao mesmo tempo, obsessão com o tempo, sentimentos crónicos de pressão temporal), humor depressivo, exaustão emocional e relações sociais empobrecidas.

Vários estudos têm demonstrado que o stress no trabalho está relacionado com a doença, e por consequência, com a menor produtividade, com o aumento do absentismo, dos acidentes de trabalho, dos erros de desempenho, invalidez, morte prematura e os problemas familiares.

Os estudos indicam que as instituições de saúde, especialmente os hospitais e os centros de saúde, constituem ambientes de trabalho stressantes, contendo características organizacionais geralmente associadas com o stress, como níveis múltiplos de autoridade, heterogeneidade do pessoal, interdependência das responsabilidades e especialização profissional. Mais se acrescenta que a responsabilidade por pessoas é geradora de maior stress do que a responsabilidade por coisas, incluindo esta a responsabilidade perante os doentes, famílias, equipa de trabalho e outros.

Perante as implicações para o bem-estar pessoal e profissional que uma síndrome de burnout implica, importa investir na prevenção. Para tal, alguns autores sugerem que se estabeleça, entre outros factores:
Comunicação eficaz que permita a ventilação dos sentimentos sem constrangimentos;
Feedback positivo, que consiste em reforçar o desempenho;
Promover a introspecção e a auto-avaliação dos níveis de stress;
Ter tempo dentro e fora do local de trabalho para si;
Ser capaz de distanciamento e diversão;
Manter uma atitude positiva e humor.

Em suma, a melhor forma de prevenção do burnout passa pelo estabelecimento de boas relações dentro de uma equipa de trabalho, onde cada um dos elementos sinta que pode confiar no outro em momentos de maior dificuldade, podendo assim obter apoio não só a nível profissional mas também emocional[1].


[1] Adaptado de Bernardo, A.; Rosado, J. & Salazar, H. (2006). Burnout e Auto-cuidados. In, A. Barbosa & I. Neto (eds.), Manual de Cuidados Paliativos. Lisboa: Núcleo de Cuidados Paliativos, Centro de Bioética, Faculdade de Medicina de Lisboa.

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Para Ler e Ver...

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  • Marie de Hennezel, Arte de Morrer
  • Marie de Hennezel, Diálogos com a Morte
  • Mitch Albom, As Terças com Morrie
  • Morrie Schwartz, Amar e viver: Lições de um mestre inesquecível
  • Tsering Paldrom, Helena Atkin e Isabel Neto, A dignidade e o sentido da vida: reflexões sobre a nossa existência