Que doentes renais necessitam de cuidados paliativos?
Deve considerar-se a transferência dos doentes para cuidados paliativos quando estes atingem o estadio V da doença renal (filtração glomerular inferior a 15ml) e que:
- Recusam tratamento renal de substituição (hemodiálise ou transplantação);
- São aconselhados a não realizar tratamento de substituição (se os aspectos negativos associados à realização de diálise são superiores à probabilidade de sobrevivência ou aos benefícios em termos de qualidade de vida);
- Realizaram tratamentos de hemodiálise mas estão prestes a deixar de ter critérios para tal;
- Estão a realizar hemodiálise mas com mau prognóstico, muitas vezes devido a co-morbilidades (p.e. doença cardíaca).
Quais são os critérios de selecção para ingresso em cuidados paliativos?
A decisão acerca do início da realização de cuidados paliativos deve atender à avaliação global do doente incluindo a sua história clínica, estadio da doença renal (neste caso, prioritariamente a doentes com IRC de grau V) função cognitiva, emocional, social, qualidade de vida, valorização sintomática por parte do doente e co-morbilidades (i.e. doenças associadas). Para além destes aspectos, são critérios de selecção:
- Ter mais de 70 anos;
- Ter nefropatia diabética;
- Ter cardiopatia isquémica ou insuficiência cardáiaca congestiva de grau II-III;
- Ter arterioesclerose difusa com manifestações cerebrais, cardíacas ou periféricas;
- Ter cirrose hepática com pelo menos um episódio prévio de descompensação edemo-ascítica ou periotonite bacteriana espontânea;
- Ter alterações de humor, afectivas ou comportamentais;
- Ter um tumor maligno incurável e/ou inoperável;
- Quando por qualquer outro motivo o seu nefrologista possa prever dificuldades aquando do consentimento informado.
Adaptado de Tejedor, A. & de las Cuevas Bou, X. (2008). Cuidado paliativo en el paciente con enfermedad renal crónica avanzado (grado 5) no susceptible de tratamiento dialítico. Nefrologia, Supl. 3, p. 129-136.
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